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domingo, 11 de setembro de 2011

Dona Maria, minha eterna heroína!

Quando resolvi escrever este texto confesso estava chorando muito, compulsivamente, meu peito doía, a saudade havia batido forte demais.
Ainda me lembro do seu último dia de vida, ela estava em sua cadeira preferida, descascando mandioca para preparar junto com a carne.
Minha avó faleceu aos 80 anos em 2001, mas por ter pele negra aparentava bem menos. Ela morreu nos meus braços, foi um dos piores dias da minha vida. Nenhuma das + de 100 pessoas presentes ao seu enterro conseguiu amenizar a dor que eu senti.
Mas não quero lembrar apenas de sua morte.
Quero apenas expressar o orgulho que tenho de ter tido uma avó exemplar como ela foi.
Nem sei se vou conseguir, mas vou seguindo meu pensamento, minhas lembranças e assim...
Minha avózinha era semi-analfabeta. Sabia fazer contas e assinar seu nome e nada mais. E eu achava lindo ela treinando a caligrafia da sua assinatura, com todo nervosismo e medo de errar. Parecia uma criança descobrindo o mundo.
Quando eu ia sair pra escola ou qualquer outro lugar, não importava se estivesse frio ou calor, ela sempre me mandava levar blusa, boné...
Eu brigava com ela e dizia:
- Mas vó, tá calor, por que vou levar blusa?
Não adiantava nada, ela insistia.
Também me lembro de todo o sofrimento que ela passou com minha mãe. Volta e meia sua filha estava internada em hospitais psiquiátricos.
Lembro-me também que a casa que moro foi construída com o trabalho, o esforço dela.
Mesmo tendo um marido alcóolatra e uma descendente com problemas mentais, ela seguiu lutando e ajudando à todos que a procuravam.
Seu coração era do tamanho do mundo. Suas mãos não tinham medo da enxada ou qualquer coisa.
Benzedeira, cozinheira, passadeira, lavadeira, agricultora e nem sei mais o quê. Essa era Dona Maria.
Ela podia ser mais uma mulher que desiste da vida devido a tantos problemas familiares, mas ela não se curvou, ela venceu todos os obstáculos.
Um momento...
Não pensem que meu avô álcoolatra era um monstro. Ele só se tornava um, quando exagerava na bebida. Sóbrio ele era um homem maravilhoso. Ele só conseguiu deixar o vício do álcool quando um médico o colocou contra a parede e explicou o que aconteceria se ele continuasse a beber.
Mas continuando a falar sobre minha avó...
Se hoje sou um bom cozinheiro, devo isso à ela, pois eu ficava observando-a cozinhar até que aos 13 anos comecei a participar da cozinha junto com ela.
Meu Deus, eu devo tanto à essa mulher!
A educação que tive, o carinho de vó protetora, os risos e lágrimas vendo a novela Carrossel ao lado dela...
Minha vózinha me perdoa por estar chorando neste momento lembrando de ti, não consegui segurar a emoção em lembrá-la.
E nunca vou esquecer muita coisa. Até mesmo você me olhando no elevador do Instituto do Coração em São Paulo. Você com marcapasso, soro e preocupada comigo?
A senhora faz muita falta. Tenho saudade até de seu jeito rabugento, brava comigo por eu ter chego tarde. Mas hoje eu entendo que isso era apenas amor, proteção.
Me perdoa por ficar bravo contigo naquelas épocas, me perdoa, onde estiver...
Minha avó querida te amarei e te levarei no meu peito até minha morte.
Não dá pra esquecer o que é parte de mim.
E em sua homenagem deixo esta música que lembra nossos tempos áureos na nossa humilde mas maravilhosa moradia. Obrigado por tudo vó!

9 comentários:

jotapeh9907 disse...

Minha condolências pelo falecimento de sua avó e meus parabéns pelo texto. A riqueza de detalhes com que descreve a sua avó me fez lembrar a Dª Maria Floriana minha saudosa avó. A história de vida difere um pouco, pois o meu finado avô jamais bebeu bebida alcólica e foi um exemplo de marido, pai, vizinho, avô, padrinho, amigo, etc...Tiveram treze filhos e criaram dois netos pois a filha mais velha faleceu no segundo parto. Quanta saudade! Escrevi um pouco sobre ele.
www.dihitt.com.br/n/meio.../12/.../hoje-plantei-uma-arvore

Vania Vacholz disse...

Olá caro escritor! Primeiramente quero parabeniza-lo pelo texto. E segundo pelo lançamento do seu livro. Lancei o meu a pouco tempo e sei que publicar dá muito trabalho compensado depois com a satisfação e realização pessoal. Parabéns e sucesso nas vendas!

Anônimo disse...

Que fofo!

Beijos,querido.

Fernando Munhoz disse...

Me fez chorar, Glauco! Ai meu Deus!
Que lindo texto, que mulher exemplar! Beijos meu querido e um beijo pra D. Maria e pro anjos que a fazem companhia.

Anônimo disse...

Que bonita homenagem a sua avó :)

Anônimo disse...

Poxa, me fez chorar, Glau. Que mulher forte, maravilhosa e que boas e belas marcas ela deixou em vc. Parece-me que vc tem o carater forte dela e seu coração imenso. Que bom que ela fez parte da sua vida. Ela deve ter orgulho do neto que criou.
Beijokas carinhosas pra vc e minhas homenagens a ela.
Um semana linda pra vc.

«╬♥ LADy M«╬♥ disse...

Nossa lindo amigo.. momento sem plavras pq q emoção me pegouu mais nossa..como espiritualista quesou sei q ela esta em lugar muito especial bye
bjinho snff

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

Desculpe a ausência estive viajando ...

li com emoção este seu texto, me deu saudades de meu pai de minha irmã Dulce ...

bjão

João Roque disse...

O teu 11 de Setembro de 2001 foi ainda mais triste...
Ficas com a recordação dos bons momentos que passaste com ela.

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