Surreal - Capítulo 5

Perdendo o controle

Alguns dias se passaram e os Le Sordid começaram a estranhar o sumisso de Arsênico.

Em nossas reuniões eu sempre me fazia de bobo.

- A última vez que vi o Arse foi num supermercado próximo à minha casa.Até ofereci carona, mas ele disse que tinha um compromisso inadiável naquele dia.

Mentia descaradamente, mas era o único jeito de seguir.

Tudo que mais queria era me livrar do bando todo e parar com toda aquela sujeira. Mesmo que enfrentasse diversos processos, com a fortuna que eu já havia acumulado, contrataria os melhores advogados e sairia limpo.Afinal estamos no Brasil, onde o dinheiro fala mais alto que qualquer outra coisa.

Certa noite Johnny e eu estávamos numa boate.Tudo estava tranquilo até que subitamente avistei Lady M adentrando ao local. Ela estava só. Resolvi então chamá-la para perto de nós. Mesmo sabendo de sua fama como "viúva negra" e querendo "eliminá-la", fiz-me de amigo.

Nós 3 dançávamos freneticamente até que Lady começou a flertar com um rapaz que estava no canto da pista.

Logo pensei: "é mais um otário pra lista dela"...

Alguns minutos depois os dois já trocavam beijos e carícias no meio de todos.

O tempo foi passando e nada de diferente acontecia. Já por volta das 4:00 hs da manhã, resolvemos ir embora.

Nos despedimos de Lady M dando um aceno de longe e fomos pra casa.

Então fui acordado às 9:00 hs com um telefonema de Bracciola:

- Glaukito, você esteve com a Lady ontem?

- Sim. Johnny e eu saímos de uma boate por volta das 4:00 hs da manhã e ela ficou lá nos amassos com um cara. Certamente foi mais uma vítima dela, rsrs.

- Ela foi encontrada morta com 3 tiros no peito, numa estrada na saída da cidade.

- Mas como? Sabemos que a assassina é ela! Isto deve ser brincadeira...

- Infelizmente não! Já é nossa segunda baixa. Alguém está nos caçando.

- Calma Bracc...xiii ele desligou.

- Johnny, o Bracciola disse que a Lady M...

- Johnny?

- Ué, cadê ele? 

Telefonei para Johnny por várias vezes e nenhum sinal. Fiquei preocupado, tenso, agitado...

Passaram-se 2 horas e ele ligou:

- Bom dia gato. Desculpa sair sem avisar. Esqueci de dizer que tinha uma reunião urgente da empresa hoje.Também não queria te acordar...

- Reunião em Domingo? Ah, conta outra!

- Sim ,é sério. Quer falar com meu chefe? Ele está aqui do lado.

- Não! Mas esta história está muito estranha. Beijo, tchau!

Desliguei o celular com raiva.

A irritação e a dúvida tomaram conta de mim.

Quem havia assassinado Lady M? Quem era o rapaz da danceteria? Seria ele o assassino? 

Será que Johnny estava falando a verdade?

Perguntas, perguntas, perguntas...a serem desvendadas.

Cansado de ficar martelando suposições, resolvi dar uma volta.

Rodei alguns quilômetros sem destino algum. Lembrei-me então de uma doceria que lotava aos Domingos. Então segui em seu rumo. Já alguns metros de lá, avistei Johnny conversando com alguém no posto de gasolina.

Agora minha raiva aumentara.Ele estava realmente me enganando?

Observei por mais alguns minutos e decidi estacionar onde eles se encontravam.

- Oi? Ainda não terminou a reunião, Johnny?

Perguntei ironicamente.

- Oiii, nossa que surpresa você por aqui!

- Surpresa por quê? Não vai me apresentar seu amigo não?

- Ah, claro...esse aqui é o Fabrício, o novo contratado da empresa. Fabrício, este é o Glauco, meu companheiro.

- Prazer!

- Prazer!

Depois de um cinismo no aperto de mãos por minha parte, e também meu olhar de impaciência e desconfiança com Johnny, resolvi mostrar ainda mais meu lado malvado, na verdade ciumento, birrento...

- Bom, Johnny e Fabrício, fiquem à vontade.Estou indo pro Guarujá!

Nem esperei pra ver a reação de Johnny. Só ouvi alguns gritos de "perai" "Glauco, que isso?"

E realmente fiz o que havia dito.

Já hospedado num dos hotéis da cidade praiana, resolvi finalmente atender às chamadas de Johnny.

- Turista gostosão direto do Guarujá, boa noite!

- Seu desgraçado, por que você fez isso comigo?

- O que eu fiz? Você estava numa reunião num posto de gasolina e eu queria vir pro Guarujá, oras...

Lhe falei mais uma vez ironicamente e desliguei...

Continua....

Confira o capítulo anterior

* Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com fatos ou pessoas reais é mera (e trágica) coincidência.